Resultados do estudo CAPP2: a aspirina é capaz de reduzir o risco de câncer
colorretal entre os pacientes com a Síndrome de Lynch
De acordo com os autores, liderados pelo Dr. John Burn do Institute of Genetic Medicine da Newcastle University em Newcastle, no Reino Unido, o efeito protetor da aspirina contra o câncer colorretal já havia sido verificado através de estudos observacionais, especialmente naqueles que avaliaram este fármaco na prevenção de doenças cardiovasculares. Segundo eles, o estudo CAPP2 (Colorectal Adenoma/carcinoma Prevention Programme) é “o primeiro ensaio clínico em larga escala geneticamente direcionado à quimioprevenção do câncer de cólon e reto entre os pacientes com a Síndrome de Lynch”.Os autores explicaram ainda que esta pesquisa avaliou 937 indivíduos de 43 centros de tratamento em todo o mundo durante mais 6 anos. Os pacientes foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos de tratamento: um recebeu aspirina e placebo; outro grupo recebia amido resistente ou placebo. O desfecho primário era a ocorrência de câncer colorretal e entre os desfechos secundários estava a ocorrência de adenomas colorretais ou outros tumores relacionados com a Síndrome de Lynch.
Os autores relataram que 40 pacientes desenvolveram câncer colorretal após o início do estudo (sendo 13 dos 342 no grupo da aspirina e 27 dos 329 do grupo placebo). A evidência de proteção contra esta neoplasia está relacionada com o tempo de uso da aspirina: hazard ratio de 0,63 com intervalo de confiança [IC] de 95% 0,35–1,13 (p=0,12) e 0,41 com IC de 95% 0,19–0,86 (p=0,02), nos dois primeiros anos de estudo e após esse período, respectivamente.
Os autores ressaltaram que o CAPP2 foi o primeiro estudo duplo-cego randomizado que investigou o papel da aspirina na prevenção do câncer colorretal entre os pacientes com predisposição hereditária, enfatizando que “os resultados são compatíveis com mais de duas décadas de observação da redução do risco de câncer colorretal entre os consumidores habituais de aspirina”. Eles destacaram ainda que: “estes achados suportam a hipótese de um efeito tardio desta medicação, através da demonstração da redução do risco desta neoplasia 3 a 4 anos após o início do seu uso regular”.
Os pesquisadores discutiram ainda que o mecanismo de ação da aspirina na prevenção deste tipo específico de câncer ainda permanece incerto, mas que parece pouco provável que ele possa ser atribuído à inibição do metabolismo da cicloxigenase.
O Dr. Burn declarou que “o que realmente ficou demonstrado foi que a aspirina apresenta efeito protetor contra o câncer colorretal, mas isso após alguns anos”. O pesquisador estima que existe aproximadamente 30.000 indivíduos com a Síndrome de Lynch no Reino Unido e que a prevenção côo o uso regular da aspirina poderia evitar o surgimento de 10.000 casos de câncer em 30 anos, salvando cerca de 1.000 vidas.
Os autores concluem que a utilização de 600mg diários de aspirina reduziu significativamente a incidência de câncer após 55,7 meses entre os pacientes portadores de câncer colorretal hereditário, mas que são necessários outros estudos. De acordo com o Dr. Burn e colaboradores, “estes achados fornecem a evidência necessária para recomendação do uso rotineiro da aspirina entre os pacientes com Síndrome de Lynch. O estudo CAPP3 irá para definir a dose ótima e o tempo de tratamento”.
Conflito de interesses: o pesquisador chefe recebeu honorários como palestrante em um workshop promovido pela Bayer no ano de 2010. Os demais autores declararam não possuírem conflitos de interesse.
Fonte : Medcenter Medscape
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