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domingo, 4 de março de 2012

Duelo NaTV – Grey’s Anatomy x ER



Por muito tempo ER reinou sozinha como uma das principais séries médicas da tevê americana. Ao longo de suas 15 temporadas, misturou atendimentos e amores com doses pesadas de drama e tragédia. Mas eis que, em seus últimos anos de existência, a trama exibida pelo canal NBC, ganhou um concorrente de peso, Grey’s Anatomy.

Embora contando com seu próprio quê de dramaticidade, o enredo criado por Shonda Rhimes nunca conseguiu escapar de comparações com a história que estreou ainda nos anos 90. E a pergunta que sempre aparece quando se fala do assunto é: qual é a melhor?

E o objetivo desse post está longe de ser o de dar uma resposta para esse questionamento. Levando em consideração o período em que foram (e são) levadas ao ar, é praticamente impossível optar por uma ou outra sem correr o risco de injustiça.

Ainda assim, os tópicos a seguir relembram características de ambas as séries, pra entender por que continuam sendo comparadas.

Os Hospitais



Embora o Seattle Grace Mercy Death conte com uma certa maldição, o hospital de Grey’s Anatomy não recebe a mesma atenção do County General. Em ER, mais do que um cenário, o principal posto de atendimento de emergências é praticamente um personagem da história.

Ainda assim, ambos os locais já contaram com situações desesperadoras para seus médicos. Basta lembrar do esquizofrênico que atingiu Dr.Carter pelas costas no dia dos namorados e que matou Lucy, a jovem estagiária que começava a desenvolver um romance com seu professor. Enquanto isso, a principal tragédia do Seattle Grace talvez tenha sido a do tiroteio na sexta temporada, em que muitos foram os mortos e feridos. Sem nunca esquecer da bomba que ameaçou a todos no segundo ano.

Mas apesar disso, a alma de Grey’s está no elenco fixo e seus relacionamentos. Não que em ER seja diferente, no entanto, foram muitos os que passaram pelo hospital da cidade, fazendo com que ele se tornasse praticamente o único ponto fixo ao longo das quinze temporadas.

Os Personagens



Se alguém perguntar que é o protagonistas de Grey’s Anatomy, o nome de Meredith será dito sem nenhum dúvida. Em ER, porém, a resposta vai depender da fase da série e especialmente da atenção pessoal que cada telespectador acabou desenvolvendo pelos personagens.

Carter é provavelmente o que esteve presente em mais episódios, mas não em toda trama. Mesmo sendo uma parte significativa do enredo, ele sempre dividiu espaço com alguém. Seja com o inesquecível Mark Greene, dono da primeira cena da série, ou ainda Abby, a enfermeira com quem desenvolveu um romance, e que acabou se tornando o eixo do roteiro por um bom tempo.

Enquanto isso, Meredith até divide o destaque com seu grupo de amigos, como Cristina e Karev. Contudo, sempre funciona como o elo de ligação entre todos. Mesmo quando histórias paralelas são desenvolvidas, todos acabam inevitavelmente relacionados a ela. Seja na doença de Izzie, que acabou casando depois de uma ajudinha da médica, ou como a pessoa que interferiu no projeto de Derek, apenas para ajudar a mulher do chefe do hospital.

Nesse ponto, porém, cabe lembrar que as atitudes dos personagens de ambas as tramas não são tão diferentes assim. Decisões equivocadas ou impulsivas parecem fazer parte de todo drama médico. Apesar de nenhuma relação direta poder ser feita, Doug Ross, interpretado por um jovem George Clooney, nunca teve nenhum problema em infringir regras para conseguir oferecer o tratamento que julgava adequado, sofrendo as conseqüências, quaisquer fossem. Mencionando algo que a própria Shonda Rhimes já falou sobre Meredith, decisões tomadas por pessoas que não são nem preto e nem branco. Mas sim, que acreditam que exista uma nuvem cinza, que permite que limites sejam ultrapassados, se necessário.

Especialmente quando os limites estão relacionados a envolvimentos pessoais com os pacientes que chegam às tramas procurando por atendimento.

Os Casos



Por se tratar de um setor emergencial, o County General provavelmente sai na frente quando se fala em quantidade de sangue por episódio. O volume de acidentes e tragédias sempre foi muito maior a cada capítulo de ER. Contundo, a impressão que fica é que em Grey’s Anatomy é possível acompanhá-los de uma maneira mais completa.

Isso acontece especialmente por que os casos não são tão corriqueiros como nos de emergência. Mesmo contando com um ou outro homem que tem uma faca na cabeça, a equipe de Meredith não é responsável por casos assim. Apesar que a bizarrice parece estar sempre presente. Basta lembrar dos pacientes siameses ou ainda do tumor gigante, que dividiu Karev entre um personagem escroto e humanizado. Talvez até uma leve inspiração em Romano, o cirurgião mais odiado que já passou por ER.

Retomando os tratamentos, curiosamente pelo menos um caso apareceu em ambas as tramas. O de um cavalo. Enquanto em uma trama ele virou um tormento para Archie Morris, em outra, foi responsabilidade de Izzie. Mas, deixando de lado a personalidade veterinária dos protagonistas, alguns episódios foram inesquecíveis para ambas as tramas.

A bomba em Grey’s foi sem dúvida o primeiro grande ápice da série. Mais do que apenas a situação improvável, o homem que contava com o artefato em seu corpo serviu como referência para inúmeros acontecimentos. O pânico que acometeu parte da equipe demonstrou o quanto alguns daqueles médicos estavam e são incrivelmente envolvidos em seu trabalho. Mesmo com a desculpa de querer fazer parte de uma cirurgia a qualquer preço, o risco tomado por todos significou muito mais do que trabalho.

Ao mesmo tempo, um capítulo inteiramente dedicado à uma mulher que sofreu um AVC em ER, prova o quanto esses profissionais podem estar distantes do que se passa com seus pacientes. Ao narrar toda a história sob o ponto de vista da mulher doente, foi possível entrar em sua cabeça e participar de seu desespero diante da impossibilidade de saber o que estavam fazendo com ela. Além de entender como um sorriso de Luka, por exemplo, conseguia ter um efeito apaziguador, mesmo quando não significava nada.

Os Romances






















Falando sobre o sorriso de Luka, fica impossível não pensar nos envolvimentos amorosos das duas séries. Ainda que o charme do croata não possa se comparar aos cabelos sedosos de Derek, ambos se tornaram parte de triângulos amorosos em suas respectivas histórias.


É provável, porém, que o casamento post-it em Grey’s não tenha sido tão emocionante como o sim dado por Abby, a enfermeira/médica que parecia estar sempre com a vida errada. Mas assim como Meredith, o relacionamento dela com o marido enfrentou altos e baixos, incluindo alcoolismo e uma traição inexplicável, que acabou sendo superada. Coisa que também deve acontecer em Seattle, ainda que possa demorar um período.

Mas embora finais felizes possam ser prometidos para alguns, há aqueles que não encontram conto de fadas tão facilmente. A miraculosa Izzie não conseguiu realizar seus sonhos com Danny, tendo que acompanhar sua morte de perto, momentos depois de acreditar que ficaria a seu lado por toda vida. Já Neela, a interna insegura do County General, achou que Michael era seu príncipe encantado. Depois de cartas e cartas trocadas, eles se casaram, mas viram os conflitos de guerra o separarem, com direito a bomba explodindo ao final do capítulo.

É claro que, além dos dramas, os corredores dos hospitais também abrigaram muitos envolvimentos físicos, por assim dizer. Quartos de descanso desses estabelecimentos parecem bastante afrodisíacos, especialmente se for para sexo casual. E nesse ponto, Greys sai um pouco na frente, com hormônios mais empolgados.

As Mortes



Agora, se existe algo em que ER domina, é a arte de matar seus personagens de maneira trágica. Obviamente que ser sexualmente mais ativo seria mais interessante, porém, a série preferiu se especializar em algo mais obscuro.

Pensando nisso, ideia de que o câncer incurável de Izzie não a matou, se torna ainda mais incoerente. Principalmente se comparado com o que se passou com Mark. Num dos episódios mais tristes de toda trama, o médico que era considerado a alma do atendimento emergencial se foi, ao som deSomewhere Over The Rainbow. Brega, sim. Mas muito mais lógico do que o (não) final de Isobel.

Além dessa, teve ainda Lucy esfaqueada, mencionada acima, Pratt e a explosão (ER gosta de explosões) da ambulância, Romano e a ideia de que sim, um helicóptero cai duas vezes no mesmo lugar e todas as quase tragédias, que por pouco não terminaram em morte. Seja com Ray perdendo as pernas ou Neela sendo pisoteada.

Ao mesmo tempo, as mortes de Grey’s são mais eventuais, e com raras exceções, não envolvem grandes nomes. Tendo seu ápice com George e a revelação 007. Por mais que o capítulo do tiroteio tenha sido impactante, os que deram adeus à trama não eram necessariamente indispensáveis. Novamente, uma prova de que as séries seguem caminhos diferentes, que até contam com semelhanças, mas contam com prioridades próprias.

Dessa forma, o máximo que posso concluir é que as comparações são inevitáveis justamente por que se cruzam eventualmente. Contudo, a não ser que sejam dividas por fases, talvez, não há como dizer se uma se sobrepõe à outra. Como legado, ER ainda está um passo à frente, como uma única história, Grey’s fica em primeiro lugar. E qualquer que sejam os concorrentes que ainda possam surgir por aí, ambas continuam sendo os principais enredos do gênero.

Lembrando que ER já chegou ao fim há dois anos, e que Grey’s Anatomy continua sendo exibida, com potencial pra tentar desbancar a anterior. Mas se acaso você ainda não conhece a trama de Shonda Rhimes, e quer saber mais, vale a pena acompanhar pelo canal Sony, que exibe seus episódios toda segunda-feira, às 22h.

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Por Marcos Silva